Segundo comunicado do governo venezuelano, Brasil teria feito "declarações intervencionistas" durante evento em Caracas
O governo brasileiro não comentou oficialmente de imediato a decisão da Venezuela.
O anúncio do ministério venezuelano é o capítulo mais recente de um impasse entre os dois países que cresce desde que o governo Lula passou a insistir ao governo do presidente Nicolás Maduro que mostre os registros eleitorais que sustentariam a vitória nas eleição presidencial de 28 de julho, declarada pelas autoridades do país.
Maduro também tem se queixado do veto imposto pelo Brasil à entrada da Venezuela como país associado ao grupo Brics durante cúpula mais recente, realizada na semana passada em Kazan, na Rússia.
O presidente Lula determinou pessoalmente que o Itamaraty bloqueasse a entrada da Venezuela nos Brics durante a cúpula dos líderes do bloco, realizada na semana passada em Kazan, na Rússia.
Lula ficou tão irritado com a posição de Maduro que não quer nem mais ouvir falar do líder venezuelano e das fraudes nas eleições.
Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento venezuelano, dominado pelo partido governista, disse em comunicado nesta quarta-feira (30) que irá propor que a Assembleia Nacional declare Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, persona non grata.
Amorim “tem se dedicado de maneira impertinente a emitir juízos de valor sobre processos que só correspondem aos venezuelanos e venezuelanas e às suas instituições democráticas, o que constitui uma agressão constante que mina as relações políticas e diplomáticas entre os Estados”, acrescenta o comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano.
As declarações de Celso Amorim
Chefe da assessoria especial da Presidência da República, Celso Amorim disse que autoridades venezuelanas estão “acusando injustamente” o Brasil por barrar a adesão do país vizinho aos Brics — grupo com liderança brasileira junto com Rússia, China, Índia e África do Sul.
Em audiência na terça (29) na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, Amorim disse que a decisão do bloco não foi ideológica. Ele citou que o Brasil acredita que, para ingressar no grupo, é preciso ser um país com influência e que possa ajudar a representar a região.
Relações bilaterais
Pelo menos 600 mil venezuelanos migraram para o Brasil nos últimos anos, enquanto o comércio bilateral foi de cerca de 1,7 bilhão de dólares em 2022, com exportações brasileiras de 1,3 bilhão de dólares e exportações venezuelanas de 400 milhões de dólares, segundo dados das autoridades brasileiras.
Desde agosto, o Brasil mantém a custódia da residência do embaixador argentino em Caracas após a expulsão de seus diplomatas pelo governo Maduro. Seis colaboradores da líder da oposição María Corina Machado permanecem refugiados naquela residência argentina desde março.
*Com informações da Reuters
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