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Pablo Marçal sinaliza apoio a Boulos em 'vingança' contra Nunes no 2º turno

 



Pablo Marçal (PRTB), que foi o terceiro colocado nas eleições municipais em São Paulo, assegurou que não apoiará a reeleição de Ricardo Nunes (MDB), que liderou no primeiro turno, com uma vantagem minuciosa sobre o segundo, Guilherme Boulos (PSOL).


Em entrevista à imprensa, o ex-coach afirmou que só apoiadora o emedebista se o próprio, além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia, em outras palavras, lhe pedissem desculpas publicamente.


Todavia, Pablo Marçal apontou a possibilidade de grande parte de seu eleitorado transferir os votos para Guilherme Boulos, no segundo turno. “Eu não indo para lado nenhum e liberando meu eleitorado, 45% dos meus votos o Lula com humildade vai tomar de volta”, disse ele, que ainda apostou na vitória do adversário, a quem trocou diversas acusações a nível do judiciário.

Tenho certeza que ele vence. Ele sabe sinalizar com o povo e o Ricardo não sabe, Boulos e Lula têm a língua do povo, os outros só brigando”, pontuou Marçal.

Pablo Marçal, que surpreendeu ao conquistar o terceiro lugar nas eleições municipais de São Paulo em 2024, vem atraindo atenção pela postura adotada no segundo turno. Com uma trajetória marcada por controvérsias e sua transição de coach motivacional a figura política, Marçal tem demonstrado sua insatisfação com o cenário atual, especialmente em relação ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que liderou o primeiro turno com uma vantagem estreita sobre Guilherme Boulos (PSOL). Sua declaração de que não apoiará Nunes sem um pedido público de desculpas de figuras proeminentes como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas, o deputado Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, gerou uma onda de especulações sobre o destino de seus votos no segundo turno.

A postura de Marçal reflete uma série de atritos e divergências que ele cultivou ao longo da campanha, tanto com o campo bolsonarista quanto com a gestão de Ricardo Nunes. Desde que iniciou sua trajetória política, Marçal adotou um discurso que mescla espiritualidade com ideias de empreendedorismo e ascensão pessoal, o que lhe garantiu um eleitorado fiel, composto por pessoas que se identificam com sua visão de mundo. No entanto, o cenário eleitoral paulistano colocou-o em uma posição delicada: ele não conseguiu chegar ao segundo turno, mas seus eleitores, agora órfãos de uma candidatura clara, podem desempenhar um papel crucial na definição do próximo prefeito de São Paulo.

Marçal deixou claro que não se alinha a Ricardo Nunes, com quem já trocou diversas farpas durante a campanha. O ex-coach chegou a afirmar que Nunes não sabe se conectar com o povo, em contraste com Guilherme Boulos, que, segundo Marçal, tem a "língua do povo", o que o coloca em uma posição privilegiada para conquistar o eleitorado das classes populares e garantir uma vitória no segundo turno. A crítica de Marçal não foi isolada; ele tem sistematicamente apontado falhas na gestão do emedebista, especialmente em questões relacionadas à inclusão social e à maneira como a prefeitura se comunica com a população de baixa renda.

Por outro lado, Marçal também foi enfático ao dizer que não formalizará uma aliança direta com Boulos. Embora ele tenha demonstrado simpatia pela candidatura do psolista, especialmente ao reconhecer a habilidade de Boulos em dialogar com o povo, Marçal optou por não endossá-lo publicamente. Sua estratégia, ao que parece, é "liberar" seus eleitores, permitindo que eles façam sua própria escolha no segundo turno. No entanto, ele foi claro ao prever que uma parcela significativa de seus apoiadores pode migrar para o campo de Boulos. Marçal acredita que, caso ele opte por se manter neutro, cerca de 45% de seus votos podem ser transferidos para o candidato do PSOL, sobretudo devido à associação de Boulos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma figura que, segundo Marçal, ainda exerce uma grande influência sobre o eleitorado.

Essa análise traz à tona um elemento interessante da dinâmica eleitoral: a forma como os votos de candidatos que não foram ao segundo turno podem ser redistribuídos entre os finalistas. Para Marçal, a vitória de Boulos parece quase certa, e ele chega a apostar publicamente nisso. Seu raciocínio é de que, enquanto Nunes representa uma continuidade da gestão atual, que ele considera falha em vários aspectos, Boulos traz uma proposta de renovação, além de ser capaz de se conectar com a população de maneira mais eficaz.

Contudo, o jogo político é sempre incerto, e as palavras de Marçal podem tanto consolidar quanto fragmentar ainda mais o seu eleitorado. Muitos de seus seguidores, que se identificam com o discurso de empreendedorismo e autossuficiência, podem ver em Boulos, com sua trajetória ligada aos movimentos sociais e suas propostas de esquerda, uma figura distante de suas próprias convicções. Por outro lado, a crítica feroz a Nunes e a sua recusa em apoiá-lo podem afastar de vez qualquer possibilidade de que seus eleitores se alinhem com o atual prefeito.

O impacto dessas movimentações no cenário político de São Paulo é significativo. A postura de Marçal revela uma fragmentação dentro do campo conservador e bolsonarista, que vê na recusa de Marçal em apoiar Nunes um sinal de divisão interna. A própria exigência de um pedido público de desculpas por parte de figuras como Bolsonaro e Tarcísio de Freitas reflete o nível de tensão e a distância que Marçal estabeleceu em relação a esses líderes. Isso pode ser visto como um reflexo do cenário nacional, onde figuras anteriormente aliadas ao bolsonarismo estão começando a traçar seus próprios caminhos, muitas vezes em oposição à velha guarda.

Em meio a esse cenário de incertezas, a cidade de São Paulo se prepara para um segundo turno decisivo, onde as alianças políticas e as transferências de votos serão determinantes. A escolha de Pablo Marçal de não se comprometer diretamente com nenhum dos dois candidatos, mas ao mesmo tempo sugerir uma inclinação de seu eleitorado para Boulos, adiciona uma camada extra de complexidade à disputa. Se Guilherme Boulos conseguir de fato capitalizar parte do eleitorado de Marçal, ele pode se aproximar ainda mais da vitória, especialmente considerando que sua base já é sólida entre os setores mais progressistas da cidade.

Por fim, o comportamento de Pablo Marçal reflete um fenômeno interessante na política brasileira atual: a emergência de figuras que, mesmo não chegando ao segundo turno, têm a capacidade de influenciar de maneira significativa o rumo das eleições. Suas palavras, suas ações e, muitas vezes, sua inação podem definir os rumos do pleito. O futuro político de São Paulo, neste momento, parece estar nas mãos desses eleitores "liberados", que agora se veem com a missão de decidir entre dois projetos de cidade completamente distintos.

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