Também participaram do evento Tomás Covas, filho do ex-prefeito Bruno Covas, e o vice de Nunes, Mello Araújo
O prefeito Ricardo Nunes, do MDB, fez o primeiro pronunciamento após ser reeleito prefeito de São Paulo neste domingo (27). Cercado de apoiadores e lideranças políticas no Clube Banespa, na zona sul da capital paulista, Nunes agradeceu o apoio do governador Tarcísio de Freitas. "Vamos governar para todos", afirmou o prefeito reeleito. Também participaram do evento Tomás Covas, filho do ex-prefeito Bruno Covas, e o vice de Nunes, Mello Araújo.
Em seu primeiro discurso após ser reeleito prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) disse que vai “governar para todos” e que o resultado na cidade passou um recado para o Brasil sobre a escolha do equilíbrio e da “política com resultados”. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi exaltado como “líder maior” por ele.
— Quero agradecer do fundo do meu coração, meu maior respeito e gratidão eterna ao povo da cidade que eu amo, obrigado pela confiança, pelo apoio. Eu tenho certeza que os próximos quatro anos serão os melhores quatro anos da história da cidade de São Paulo. Agradeço a Deus, agradeço a minha família, especialmente a minha esposa Regina. E agradeço ao líder maior, sem o qual essa vitória não seria possível, o meu amigo, que me deu a mão, o governador Tarcísio de Freitas — disse.
— A campanha terminou, não é hora de olhar para trás, a hora das diferenças passou, nós vamos governar para todos porque todos merecem igual respeito por parte de quem governa. Aos que acompanharam esta eleição histórica, a democracia tem só uma grande lição para nós, para a cidade de São Paulo e para o Brasil: o equilíbrio venceu todos. São Paulo falou e a voz de São Paulo precisa ser ouvida, nosso povo enviou um recado para o Brasil inteiro, política, sim, mas com resultado – acrescentou.
A vitória foi comemorada em um auditório no Clube Banespa, em Santo Amaro, Zona Sul da cidade, onde centenas de militantes e aliados políticos vibraram com abraços, jingles, bandeiras e camisetas do candidato.
'Fala rasa dos radicais'
Em sua fala, Nunes disse ainda que “o trabalho venceu a retórica das ideologias” e as transformações “venceram a fala rasa dos radicais de todo o Brasil”. Falou da periferia, dos jovens e citou seu programa de recapeamento.
– Há de haver política, mas a política não pode ser para fazer as ações sem que se obtenham os resultados que o povo precisa. Precisamos partir de propostas, de avanços, há muitos que se preocupam muito com engajamento em rede social e pouco com o desenvolvimento social, que se preocupam com ideologias e nada com o nosso povo. A política deve ser de posições claras, mas com resultados concretos, e isso que nos trouxe até aqui – disse Nunes.
Foi um discurso focado em exaltar suas alianças políticas, que uniram partidos da extrema-direita à centro-direita, e suas entregas na prefeitura. Desde o início, Nunes sempre quis fazer uma campanha menos ideológica e mais focada em mostrar suas obras e projetos a frente do Palácio do Anhangabaú, e com a vitória ele destacou que política não pode ser apenas ideologia. Nem sempre se manteve nesta linha, já que a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na disputa o fez acenar com mais afinco, em muitos momentos, ao eleitorado mais conservador com questionamentos sobre a obrigatoriedade da vacina e críticas sobre a Venezuela, para tentar alcançar o eleitorado bolsonarista.
— Política só com ideologia não é política, é ilusão. Foi o que venceu a eleição, o reconhecimento das nossas políticas públicas. Política só é política se conciliar posições e consequências práticas na vida das pessoas — acrescentou nesta noite
Em relação a Tarcísio, o mais exaltado pelo prefeito, Nunes falou do “futuro” do aliado.
— Tarcísio, o seu nome é presente, mas o seu sobrenome é futuro. Conte comigo, meu irmão, com o meu coração como seu pilar para todas as construções do seu destino, porque foi o alicerce da minha vitória. E lealdade, meu querido amigo Tarcísio, não é uma palavra no meu vocabulário, lealdade faz parte da minha história de vida. Você vai poder contar sempre comigo, 24 horas por dia — afirmou o prefeito reeleito
Nunes ainda acenou aos jovens da periferia com propostas de empreendedorismo e esportes, promessas que eram os pilares de Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno.
— Quem vive aqui vai ter chance, vai ter oportunidade e continuidade daquilo que a gente já vem desenvolvendo, principalmente para os jovens da periferia da cidade. Vamos colocar nos CEUs cursos de empreendedorismo, os CEUs com equipamentos esportivos serão um espaço de educação, de cultura, lazer e de empreendedorismo. Jovens precisam ter as oportunidades porque o jovem, quanto mais perto do esporte, mais longe das drogas e do crime. Nós vamos ter uma atenção especial para quem quer progredir, para quem quer empreender, vamos criar inúmeros projetos nesse sentido.
Vitória tranquila
Foi um resultado sem surpresas. Após um primeiro turno apreensivo, em que foi preciso esperar até o último minuto para saber quem seguiria na disputa que tinha um empate triplo entre Nunes, Boulos e Marçal, todas as pesquisas do segundo turno mostravam a vantagem do emedebista. O clima de “já ganhou”, apesar de oficialmente ter sido desencorajado pelo prefeito, foi a tônica dos aliados durante as três semanas da segunda fase da campanha.
O candidato, que estreou em uma eleição majoritária após ter sido eleito duas vezes vereador, teve como principais armas as obras feitas em bairros da periferia, muitas em caráter emergencial, possibilitadas pelo orçamento robusto que construiu durante os seus três anos e meio de governo, guardando dinheiro em caixa e aumentando a arrecadação com concessões de equipamentos públicos. O volume de investimentos da prefeitura saiu de cerca de R$ 80 milhões para quase R$ 2 bilhões por ano, especialmente nas áreas de infraestrutura, com obras de contenção de enchentes e alagamentos.
Mas os resultados deste domingo mostram que o apreço pelo candidato se estendeu para além das franjas da cidade: Nunes perdeu em apenas três zonas eleitorais, sendo uma delas a Bela Vista, no Centro, e as outras duas Valo Velho e Piraporinha, ambas na Zona Sul.
Com uma aliança de 12 partidos, além do PSDB e do Novo que se juntaram ao projeto no segundo turno, Nunes agora terá o desafio de congregar todos essas siglas em seu novo governo. O vereador por dois mandatos que chegou ao Executivo da maior cidade do país após a morte de Bruno Covas, em 2021, passará as próximas semanas montando, pela primeira vez, um secretariado do zero. Os tucanos que eram maioria na gestão agora devem perder espaço para legendas como PL, União Brasil, PSD, PP, Republicanos e Podemos.
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