Redução no desmatamento puxou resultado positivo. Agropecuária teve quarto recorde consecutivo de emissões
Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (Seeg) e foram apresentados nesta quinta-feira (7/11). A principal força que puxou a redução das emissões, segundo o levantamento, foi a queda no desmatamento na Amazônia.
A importância da redução do desmatamento na Amazônia para a queda nas emissões de GEE se deve, em parte, à participação do setor de mudança de uso da terra e floresta no total brasileiro: 46%. A agropecuária vem em seguida com 28% e energia (18%) resíduos (4%) e processos industriais e uso de produtos (4%).
Veja as emissões por setor
A agropecuária aumentou as emissões em 2,2%. Com isto, chegou ao quarto recorde consecutivo. O rebanho bovino é o principal ator deste processo. Os setores de produção de energia e processos industriais e uso de produtos (Piup) tiveram avanço na casa de 1% nas emissões, assim como o de resíduos.
Conforme o relatório do Seeg, no que se refere à energia, o aumento das emissões teve relação direta com o incremento no uso de combustíveis fósseis: gasolina, óleo diesel e querosene de aviação.
O setor de mudanças de uso da terra e florestas apresentou de 2022 para 2023 uma redução de 43% nas emissões líquidas.
O aumento nas emissões veio na esteira do crescimento econômico de 2023. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 2,9% no período.
Desmatamento na Amazônia recuou 31%
A redução no desmatamento da Amazônia é atribuída à retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), retomado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O desmatamento na Amazônia reduziu 30,6% em 2024, conforme dados do sistema Prodes. O monitoramento é realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde 1988. O porcentual é o maior dos últimos 15 anos
Mesmo com a redução no desmatamento, houve perda de vegetação em uma área de 6.288 quilômetros quadrados (km²). No ano anterior foram 9.064 km². O ano apresentado é o civil, ou seja, de 1º de agosto de 2023 a 31 de julho de 2024.
Como o setor de mudanças de uso da terra e florestas é o único a apresentar redução nas emissões, a situação do Brasil é vista como cômoda pelo coordenador do Seeg, David Tsai.
“Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes”, contextualiza.
Analista de ciência do clima do Imaflora, organização responsável pelo cálculo de emissões de agropecuária no Seeg, Gabriel Quintana afirma que a última redução nas emissões do setor agropecuário ocorreu em 2018.
Elas são puxadas pelo aumento do rebanho bovino, uso de calcário e fertilizantes sintéticos nitrogenados. Afinal, a produção brasileira tem crescido. O desafio para o setor, bastante suscetível aos impactos da crise climática, é alinhar a mitigação das emissões de gases de efeito estufa com a eficiência da produtividade”, explica Quintana.
Ambição nas metas climáticas
Conforme o Observatório do Clima, responsável pela publicação do Seeg, a redução do desmatamento na Amazônia coloca o Brasil na linha de cumprimento do compromisso assumido no âmbito do acordo de Paris, a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês).
A NDC brasileira prevê a redução nas emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025. Há o indicativo de fazer uma redução de 43% nas emissões em 2030 em relação ao que se tinha em 2005.
O assunto estará em pauta na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29). Organizações de defesa do meio ambiente vão defender um compromisso maior por parte do Brasil. O evento será realizado na capital do Azerbaijão, Baku, do dia 11 ao 22 de novembro deste mês de novembro.
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