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General indiciado pediu para Ramos blindar Bolsonaro de “desestímulo”

 


Preso e indiciado por tentativa de golpe de Estado, o general Mario Fernandes pediu ao também general Luiz Eduardo Ramos para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PL) contra “qualquer desestímulo” que o fizesse desistir dos “intentos antidemocráticos”, segundo relatório da Polícia Federal (PF). 

A conclusão da PF se baseia em mensagens trocadas pelos militares. A Noticias sem censura conseguiu acesso aos áudios dessas mensagens. Na conversa, Fernandes também afirmou a Ramos que fontes “sinalizaram” para ele que o “comandante da Força” iria avisar ao presidente que ele “podia dar a ordem”. A mensagem de Fernandes a Ramos foi enviada em 15 de dezembro, conforme a PF. Na data, seria colocado em prática o plano para matar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na época, Ramos era ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. 
“Força, Kid Preto. Kid preto, algumas fontes sinalizaram que o comandante da Força sinalizaria hoje, foi ao Alvorada para sinalizar o presidente que ele podia dar a ordem”, disse Mario Fernandes. “Se o senhor tá com o presidente agora e ouvir a tempo, porra, blinda ele contra qualquer desestímulo, qualquer assessoramento diferente. Isso é importante, Kid preto. Força”, afirmou. Luiz Eduardo Ramos não foi indiciado na investigação sobre a suposta tentativa de golpe. Ainda segundo a PF, Mario Fernandes encaminha a Ramos no dia seguinte um áudio de uma pessoa não identificada questionando se seria “possível que nós vamos atrasar 10 anos”. 

“O senhor tá vendo as coisas que tão acontecendo aí? Nós vamos atrasar 10 anos? Vocês não vão fazer nada? Não é possível, eu não acredito. Não tem condição”, disse a pessoa no áudio encaminhado. De acordo com a investigação, áudios enviados no final de dezembro de 2022 demonstram que Fernandes “estava frustrado com as Forças Armadas, que estariam aguardando uma decisão política para atuar”. 

Indiciamento A investigação sobre a suposta tentativa de golpe foi concluída na quinta-feira (21). O inquérito foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator da apuração. O magistrado deve encaminhar o material ainda nesta semana para avaliação da Procuradoria-Geral da República (PGR). 

A PF indiciou no caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Segundo a investigação, Bolsonaro, integrantes do seu governo, auxiliares e militares planejaram um golpe para manter o ex-presidente no poder.

 O suposto golpe passaria, inclusive, pelos assassinatos de Lula, do seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, em dezembro de 2022. O relatório conclusivo da PF tem 884 páginas.

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