Mais de 4,3 milhões de pessoas realizaram a inscrição do Enem este ano
Mais de 4,3 milhões de pessoas de inscreveram para o Enem, cujo primeiro dia de aplicação ocorre neste domingo (3).
De acordo com professores ouvidos pela Noticias sem censura, a partir do tema, a “abordagem do aluno precisa considerar os aspectos históricos, sociais, culturais e políticos da herança africana.”
“É preciso fazer uma análise crítica da situação e propor uma intervenção que contribua para a valorização da cultura afro-brasileira e o reconhecimento dessas influências. De alguma maneira, o aluno deve abordar, por exemplo, a cultua afro em diferentes aspectos, como na religião, cultura, que muitas vezes é inviabilizada por preconceitos” disse, Ademar Celedônio, diretor de ensino e inovações do SAS Educação.
Como repertório, os estudantes poderiam trazer, por exemplo, “O Navio Negreiro”, de Castro Alves, e “Quarto de Despejo”, de Maria Carolina de Jesus, segundo a professora de redação do Colégio Positivo, Candice Almeida.
Ela ainda acrescentou que outro repertório poderiam ser a lei que obriga a estudar a cultura afro-brasileira nas escolas, a lei de igualdade racial e a lei de condenação ao racismo.
Além da redação, o primeiro dia de Enem conta com 90 questões, sendo metade de linguagens (língua portuguesa, literatura e língua estrangeira) e metade de ciências humanas (história, geografia, filosofia e sociologia).
Gabarito do primeiro dia de Enem
A CNN terá o gabarito extraoficial do exame. A correção será realizada pelo SAS Educação em parceira com o colégio Ari de Sá, de Fortaleza (CE), e estará disponível em nosso portal a partir das 19h.
Temas da redação do Enem nos últimos cinco anos
Olhando o histórico dos últimos anos, é possível afirmar que os temas da redação do Enem costumam ser de impacto e relevância social. Confira abaixo os assuntos
já abordados:
- Enem 2023 – Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil
- Enem 2022 – Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil
- Enem 2021 – Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil
- Enem 2020 – O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira
- Enem 2019 – Democratização do acesso ao cinema no Brasil
Como funciona a correção da redação
A redação compõe 20% da nota final e deve ser um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema proposto. Isso significa que o candidato deve defender um ponto de vista sobre o problema apresentado.
Dois avaliadores anônimos são responsáveis por corrigir a redação. Eles atribuem uma nota entre 0 e 200 para cada uma das seguintes competências:
- Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
- Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos de várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema.
- Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
- Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
- Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
O que fazer com a nota do Enem?
Os candidatos que fazem o Enem podem usar a nota do exame para ingressar em universidades públicas por meio do SiSU (Sistema de Seleção Unificada), ou em instituições privadas com bolsas por meio do ProUni (Programa Universidade para Todos).
O resultado também possibilita a inscrição no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), programa federal com o objetivo conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos.
Além disso, estudantes brasileiros que desejam ter uma experiência acadêmica no exterior podem ingressar em pelo menos 35 universidades de Portugal utilizando a nota do Enem.
📝 A Herança Africana no Brasil: Raízes Profundas, Identidade e Resiliência
A história do Brasil é marcada por um encontro de culturas que moldaram sua identidade única. Entre elas, a herança africana ocupa um lugar central, tecendo as bases culturais, sociais e econômicas que até hoje influenciam e enriquecem a vida no país. Discutir a herança africana é, portanto, não apenas um tributo à diversidade, mas um reconhecimento da importância de entender e valorizar as contribuições dos descendentes africanos que ajudaram a construir o Brasil.
A chegada dos africanos ao Brasil, iniciada no século XVI, deu-se sob circunstâncias dolorosas: a escravidão. Milhões de pessoas foram forçadas a atravessar o Atlântico, enfrentando condições desumanas e sendo separadas de suas raízes. Contudo, mesmo em meio a esse sofrimento, os africanos trouxeram consigo tradições, crenças, práticas religiosas e conhecimentos que resistiram ao tempo e foram incorporados à cultura brasileira de forma indelével.
Um dos legados mais evidentes é a capoeira, uma manifestação cultural que combina luta, dança, música e acrobacia. Surgida como uma forma de resistência e autoexpressão, a capoeira representa a resiliência e a capacidade de adaptação dos africanos escravizados. Hoje, essa prática é símbolo de identidade e força, reconhecida como patrimônio cultural imaterial pela UNESCO.
A música brasileira, uma das maiores expressões da alma do país, também deve muito às influências africanas. O samba, por exemplo, é um dos gêneros musicais mais icônicos e se originou a partir de ritmos africanos misturados com elementos europeus e indígenas. Esse ritmo transcendeu barreiras sociais e raciais, tornando-se um elemento de coesão e expressão popular. Além do samba, outros estilos como o maracatu, o jongo e o axé mostram a riqueza da herança africana no contexto musical.
A culinária brasileira, igualmente, revela a mistura de sabores e técnicas africanas. Pratos como a feijoada, o acarajé e o vatapá carregam não apenas sabores ricos, mas também histórias de resistência e preservação cultural. Esses alimentos, que inicialmente foram adaptados em situações de extrema adversidade, hoje são símbolos da identidade nacional e da riqueza da diversidade.
Na religião, as influências africanas se destacam nas práticas do candomblé e da umbanda, que mesclam elementos de crenças africanas com catolicismo e espiritismo. Tais religiões não apenas preservam a memória dos antepassados africanos, mas também oferecem um espaço de espiritualidade e pertencimento para milhões de brasileiros, enfatizando valores de respeito à natureza e à comunidade.
No entanto, apesar da importância histórica e cultural da herança africana, ainda existem desafios a serem enfrentados. A desigualdade racial, fruto de séculos de escravidão e marginalização, persiste, afetando profundamente a população negra no Brasil. As políticas de ação afirmativa e as discussões sobre racismo estrutural têm buscado combater essas disparidades e promover uma sociedade mais justa e inclusiva.
Reconhecer e valorizar a herança africana é essencial para o fortalecimento da identidade brasileira. Essa herança não é apenas um elemento do passado, mas uma parte viva e pulsante do presente. Ela se manifesta na arte, na linguagem, nas tradições e, principalmente, na luta por direitos e reconhecimento. O Brasil só será verdadeiramente pleno quando reconhecer que sua essência é, em grande parte, fruto do sangue, suor e sonhos de milhões de africanos e seus descendentes.
Portanto, ao celebrarmos a herança africana, honramos a resiliência, a sabedoria e a criatividade de um povo que, mesmo enfrentando adversidades inimagináveis, transformou o Brasil em um mosaico cultural vibrante e único. Que essa reflexão inspire ações e políticas que promovam respeito e igualdade, garantindo que a herança africana seja não apenas reconhecida, mas celebrada com o devido orgulho.
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