Rivaldo Barbosa suplicou a ministro do STF para que pudesse prestar esclarecimentos; ele foi denunciado pela PGR com os irmãos Brazão
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) ouça o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, preso desde o final de março suspeito de envolvimento com os mandantes e autores intelectuais da execução da vereadora Marielle Franco (PSol), em 2018.
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A decisão, desta segunda-feira (27), atende uma súplica feita pelo delegado, via defesa, no processo, para ser interrogado pela PF. Em um pedido formal dos advogados, Rivaldo escreveu à mão, no local onde assina o documento, a mensagem endereçada ao ministro, em que pede "pelo amor de Deus" para ser ouvido.
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Preso preventivamente desde 27 de março, quando foi alvo da Operação Murder Inc., da PF, que colocou na cadeia Domingos Brazão (MDB) e Chiquinho Brazão (sem partido), o ex-chefe da Polícia Civil do Rio teria envolvimento com o planejamento do crime e a suposta "blindagem" dos autores.
Por meio da defesa, Barbosa nega no processo qualquer ligação com o crime e com os envolvidos. Os irmãos Brazão, o delegado e dois milicianos ligados a eles - um deles, ex-assessor de Domingos Brazão - foram denunciados formalmente pelos crimes. Moraes ainda vai decidir se coloca os acusados no bancos dos réus.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação pelos crimes ligados aos homicídios da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
A PF tem cinco dias para interrogar Rivaldo Barbosa, que está preso.
Segundo o defensor, Barbosa fez um apelo ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), para ser ouvido antes da fase de instrução do processo porque quer “esclarecer alguns pontos” relacionados à acusação da qual é alvo. Moraes atendeu ao pedido e determinou, nesta segunda-feira, 27, que a PF colha o depoimento dele na Penitenciária Federal de Brasília, onde o delegado está preso preventivamente desde 24 de março. A oitiva ainda não tem data marcada, mas deve ocorrer dentro de um prazo de cinco dias após a notificação.
O apelo do delegado a Moraes foi feito de forma inusitada. Quando recebeu de um oficial de Justiça uma intimação para assinar, Barbosa escreveu no documento um bilhete endereçado ao magistrado, suplicando para ser ouvido. “Ao excelentíssimo ministro, por misericórdia, solicito que V.Exa. faça os investigadores me ouvirem, pelo amor de Deus”, diz a mensagem, datada do último dia 20.
Dalleprane afirma que Barbosa ficou ansioso para ser ouvido depois de tomar conhecimento do teor da denúncia feita pelo Ministério Público Federal, que o acusa de participação no duplo homicídio. O documento foi enviado pela defesa por carta e só chegou às mãos do delegado nas últimas semanas, após quarentena de 20 dias e uma rigorosa triagem da instituição penal.
A defesa diz que Barbosa não quer fazer delação. “Está fora de cogitação”, disse Dalleprane. Segundo o advogado, Barbosa nega todas as imputações feitas contra ele e não pretende estabelecer nova autoria intelectual do crime. A intenção de falar, afirma, é para “esclarecer alguns pontos” relacionados estritamente às imputações feitas a ele. Na denúncia oferecida no início de maio, o Ministério Público Federal acusa Barbosa de participação no duplo homicídio.
Acusação
Segundo o MPF, Barbosa utilizou o cargo de chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, para o qual foi nomeado dias antes do crime, para acobertar as ações dos executores do duplo homicídio, que teria sido cometido a mando dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, que também estão presos. Marielle teria sido morta porque estaria atrapalhando os interesses do grupo criminoso em esquema de grilagem e loteamentos irregulares, segundo a acusação.
Barbosa aguarda a apreciação de um agravo regimental interposto pela sua defesa para saber se terá o pedido de relaxamento da prisão preventiva atendido. Para Dalleprane, a revelação do conteúdo da delação premiada feita pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, no domingo, pode ajudar seu cliente por não estar sustentada em provas.
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