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Empresário que delatou PCC é morto no Aeroporto de Guarulhos

 

Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi baleado no Terminal 2, destinado a voos domésticos; ao MP, ele falou sobre envolvimento da facção com o futebol e o mercado imobiliário



O empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, nesta sexta-feira, 8. A ação ocorreu no Terminal 2, destinado a voos domésticos. Ele era delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Câmeras de segurança mostram quando atiradores assassinam empresário no aeroporto
Câmeras de segurança mostram quando atiradores assassinam empresário no aeroporto Foto: Repro

Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator. Foram feitos 29 disparos, conforme informações preliminares da Polícia Militar.

Dois suspeitos chegaram a ser detidos, mas depois foram liberados por não terem relação com a execução. Depois, a polícia localizou em Guarulhos o Volkswagen Gol Preto usado no crime.

Peritos examinam corpo de empresário baleado no Aeroporto de Guarulhos
Peritos examinam corpo de empresário baleado no Aeroporto de Guarulhos Foto: Reprodução/Polícia Civil


Dentro do automóvel, a polícia encontrou um colete à prova de balas e munição de fuzil. O carro está sendo periciado em busca de impressões digitais e outras provas que possam levar à identificação dos atiradores.

O delator voltava de viagem com a namorada quando foi atacado a tiros - não há informações sobre se ela está ferida. Segundo o advogado Ivelson Salotto, os três seguranças que aguardavam o casal no aeroporto seriam policiais militares de “extrema confiança” que faziam bico de seguranças para o delator.

Empresário foi executado em terminal de Guarulhos
Empresário foi executado em terminal de Guarulhos Foto: Reprodução g1

Ex-diretor da Porte Engenharia e Urbanismo, uma das maiores construtoras da cidade, Gritzbach fechou acordo de delação premiada, homologado pela Justiça em abril. As negociações com o Ministério Público Estadual duravam dois anos e ele já havia prestado seis depoimentos.

Em nota, a Porte diz que foi informada pela imprensa acerca da morte de Gritzbach, “com quem não mantém negócios há anos”. Também afirma que ele foi “corretor de imóveis na empresa apenas entre 2014 e 2018″.

Na delação, falou sobre envolvimento do PCC, a maior organização criminosa do País, com o futebol e o mercado imobiliário. O empresário também deu informações sobre os assassinatos de líderes da facção, como Cara Preta e Django.

Segundo o Noticias sem censura apurou, ele também mencionou corrupção policial e suspeita de pagamento de propina na investigação da morte de Cara Preta. Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública ainda não se manifestou.

Gritzbach já havia sido alvo de um atentado na véspera do Natal de 2023, quando um tiro de fuzil foi disparado contra a janela do apartamento onde mora, no Tatuapé, na zona leste, mas o autor errou o alvo. A reportagem apurou que a polícia já identificou o responsável por esse atentado.

“Eu havia sido contra a delação porque eu sabia que não ia terminar bem”, disse Salotto. “Ele denunciou policiais corruptos e bandidos. Quem poderia matá-lo?”

A investigação ficará a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “A delação foi a sentença de morte dele”, acrescentou Salotto.

O que Gritzbach disse na delação?

Gritzbach trabalhou na Porte até 2018. Aos investigadores, ele disse que conheceu os integrantes da facção “no âmbito do ambiente de trabalho da Porte” por meio de um corretor de imóveis em razão da venda de dois apartamentos no Tatuapé, na zona leste, paulistana, região que virou um reduto da cúpula do PCC nos últimos anos.

Ministério Público Estadual (MPE) está investigando a Porte, sob a suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas, segundo a delação do ex-funcionário. Segundo a delação premiada, executivos da Porte receberam pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e sabiam de registros de bens em que o nome do verdadeiro proprietário ficava oculto.

Em agosto, quando o Noticias sem censura revelou a investigação, a Porte afirmou que não sabia do conteúdo da investigação e afirmou que colaboraria com as autoridades, caso acionada. A construtora disse desconhecer que entre os clientes do ex-funcionário estivessem pessoas ligadas ao crime organizado

Empresário negava ter mandado matar traficante

Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como Magrelo ou Cara Preta, era um dos principais traficantes do PCC. Gritzbach dizia que conheceu Cara Preta porque ele seria dono de dois apartamentos no Tatuapé que foram vendidos por um corretor de imóveis que ele conhecia.

Ligado ao envio de drogas para a Europa, Cara Preta era acionista da empresa de ônibus UPBUs. Em apenas 9 meses de 2020, Cara Preta movimentou R$ 160 milhões em contas bancárias, segundo relatório de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A direção da UPBUs nega ter lavado dinheiro do PCC.

O traficante foi assassinado em 27 de dezembro de 2021 em uma emboscada no Tatuapé. Gritzbach negava ser mandante da execução de Cara Preta e também de Sem Sangue, que fazia a segurança do chefe da facção.

Após de execução de rival do PCC, aeroporto funciona “sem impactos”



— Mesmo após a execução do empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, a operação do Aeroporto do Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, funciona normalmente nesta sexta-feira (8/11).

Segundo a assessoria da concessionária do aeroporto — GRU Airport –, após a execução, a polícia foi acionada imediatamente, assim como a equipe médica do local.

Ainda de acordo com a assessoria do aeroporto, a operação segue em “movimentação normal. Sem impactos”

Execução

O empresário foi executado quando voltava de uma viagem a Goiás, quando desembarcava pelo Terminal 2 do aeroporto.

Segundo apuração do Noticias sem censura, quatro homens encapuzados aguardavam e, assim que o alvo apareceu, desceram do carro e dispararam tiros de fuzil em sua direção. Um dos disparos atingiram o rosto do empresário.

No ataque, outras duas pessoas ficaram feridas. Nenhuma delas têm relação direta com o executado.

No momento, ele estava acompanhado da namorada e de dois seguranças. Um dos filhos estavam no local, acompanhados de quatro seguranças, todos policiais militares, para buscar o pai.

Jurado de Morte pelo PCC

O empresário era jurada de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Ela havia fechado acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que foi homologada em segredo de Justiça.

Tentativa de assassinato

Esta não é a primeira vez que tentam matar Vinícius. Ele foi alvo de um atentado enquanto passava o Natal, no último ano, em família. Ele estava na sacada de seu apartamento no Jardim Anália Franco, bairro nobre da zona leste, quando um disparo de arma de fogo foi feito em direção ao local.

Segundo o Ministério Público, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC, Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Na denúncia, o MPSP diz que o empresário mantinha negócios na área de bitcoins e criptomoedas.

O duplo homicídio ocorreu em 27 de dezembro de 2021 e teria sido cometido em parceria com o agente penitenciário David Moreira da Silva. Noé Alves Schaum, denunciado por ser o executor dos membros do PCC, foi assassinado em 16 de janeiro de 2022.








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