Secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, não descarta o envolvimento de policiais no crime
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta 2ª feira (11.nov.2024) que 4 policiais militares responsáveis pela segurança de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach serão investigados. O empresário, que também era delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi morto na 6ª feira (8.nov) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Em fala a jornalistas, Derrite declarou que não descarta o possível envolvimento dos PMs e de outros policiais no crime, embora, por enquanto, não haja indícios concretos da participação de agentes na execução.
“Os celulares dos policiais foram apreendidos, e eles precisarão explicar suas ações. O simples fato de prestarem serviço extraoficial já é proibido, e eles estavam fazendo isso para um criminoso. Não se trata apenas de uma infração disciplinar, mas de uma possível conduta criminosa”, disse o secretário.
Derrite afirmou ainda que alguns elementos levantam suspeitas, como o atraso dos policiais em chegar ao aeroporto. “Não se trata apenas de uma transgressão disciplinar, mas de um possível crime militar cometido por esses policiais. Já foi instaurado um inquérito policial militar pela corregedoria da Polícia Militar para apurar a conduta dos policiais mencionados”, disse.
O inquérito investiga não só os policiais responsáveis pela escolta no dia da execução, mas também outros militares que possam “ter envolvimento com o PCC”, segundo o secretário. Essa investigação já havia sido instaurada há 1 mês, mas segue sob segredo de Justiça.
DELAÇÃO COM O MP
Em março deste ano, o Ministério Público de São Paulo havia assinado um acordo de delação premiada com Gritzbach, que era considerado com “peça importante” nas investigações sobre o PCC.
Gritzbach havia prometido revelar “estrutura hierárquica, divisão de tarefas e modus operandi” do esquema de lavagem de dinheiro da facção, porém foi morto a tiros no Terminal 2 do aeroporto de Guarulhos.
O empresário se comprometeu também em contribuir nas investigações e “apresentar informações referentes à prática de atos de corrupção envolvendo delegados de polícia e policiais”, além de revelar bancos de dados e documentos da organização criminosa e ajudar na recuperação “total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela associação criminosa”.
O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público ofereceu, em troca da delação premiada, perdão judicial pelo crime de integrar uma organização criminosa e redução da pena por lavagem de dinheiro, com imposição de regime inicial aberto caso fosse condenado. O empresário teria ainda que pagar uma multa de R$ 15 milhões.
Ainda segundo Derrite, Gritzbach foi ouvido pela Corregedoria da Polícia Civil no dia 31 de outubro, a respeito da delação em que mencionou uma suposta extorsão por parte de policiais. O assassinato ocorreu 8 dias depois.
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